Barulho da janela estalando
Do sol queimando as folhas
Da chuva que não cai
Porque está um calor de janeiro
Em pleno agosto
Barulho do carro descendo a ladeira
Porque moro numa ladeira
Barulho da cozinha de antes
Barulho que hoje quero
E antes tanto odiava
Barulho das cartas de um jogo
Que eu não jogo
Barulho das risadas que me irritam
Barulho do ronronar
Que eu tanto amo
Barulho dos faróis acendendo e apagando
Barulho da noite que não termina
Do sono que não vem
Barulho do salto alto
Da mala desfeita
Barulho do teclado, sem parar
Do estômago que dói
Do coração tum tum tum
Barulho do rádio chiando
Anunciando um novo dia
Barulhos da madrugada
A ciência oculta das estrelas
Barulho da criança que chora
Ninguém sabe o que ela quer
Porque o choro é o desejo sem verbo
O primeiro grito
Barulho da confusão
Interna e externa
Da música
Da noite que me encanta
Barulho dos hormônios explodindo como nunca
Barulho de uma mulher
Indiferente
Diversa
Divergente
Barulho da pergunta
O que eu disse?
O que eu fiz?
Quem sou eu?
Barulho de nós invadindo um ao outro
Deixando um ao outro
Machucando, partindo
Sem nenhum som
Não ouço o barulho da porta que cerra
Do corpo que arde
Das palavras que fogem
Do nada
Do tudo
Do universo
Barulho da terra se unindo ao mar
À lua, a mim
E a mais ninguém
Porque minha alma
Silenciosa
Rasteja sem fazer barulho
Para a luz que ilumina a saída
Um leve ruído
Da insensatez
Sim, é ela que rege essa música…
Eliana Leite
15/08/2006
Tocante, envolvente…vc vai lendo e quer mais…tem ritmo…vai crescendo!
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