Senhoras recatadas
A xícara de chá à espera (de companhia)
Para uma conversa morna
O tempo, os preços, as roupas (das mulheres sem-vergonha)
Senhores de abotoadura
Segurando seus guarda-chuvas (com cabo de madeira)
Para uma reunião desimportante
Os números, a bolsa, as pernas (das secretárias)
Garotas de uniforme
Passam batom às escondidas (sem espelho)
Para uma disciplina agonizante
Carteira, compasso, medo (de não serem notadas)
Garotos descalços
Suados depois de correr (atrás da bola)
A grama surrada, meio verde, meio marrom
Refrigerante, grama, piadas (sobre os batons e as meninas)
Serão estes garotos
Os homens soturnos?
Serão aquelas garotas
As senhoras entediadas?
E as mulheres jovens (sem brio)
As secretárias (de pernas de fora)
Os meninos (que querem usar batom)
As meninas (que sonha com a liberdade)?
Onde estão?
Não nas calçadas, esperando
Não nas reuniões, fingindo
Não nas escolas, silenciando
Não nos campos, brincando
Quem são?
Novas personagens, (nem tão novas)
Hoje presentes, (apesar de tudo)
Ontem caladas, (gritem!)
Sempre reais.
Eliana Leite
16/06/2020
De se refletir…quero ser a mulher de batom, saia e perna de fora andando numa moto, parando no bar da esquina e pedindo uma gelada pra matar a sede, e que volta pra casa, brinca e faz a criança adormecer, senta-se na varanda, abre um bom livro, enche uma taça de vinho e acende um Cuesta Rey Dominicano….uma senhora mt “recatada”, posso?! Rs
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