Existe o silêncio lá fora
E o silêncio aqui dentro
Um é quieto
O outro, eloquente
Grito, calada
Sussurro ruidosamente
Meus barulhos internos
Bloqueados pela quietude do mundo
Mundo em quarentena
Pessoas silenciosamente revoltadas
Olho para o vazio
Repleto de abandonos
Caixas empoeiradas esperando no armário
O pó se move por toda a casa
E deposita sua vastidão
Nas relações do não dito
Sonhos mal interpretados
Perdidos no isolamento
Mazelas e feridas abertas
Sangue que escorre por entre os vãos
Todos em casa
Ninguém ouve quando ela chora
Lamento mesclado ao horror
Desobediência não é mais anarquia
Virtuosos gritam regras por escrito
Regras por 24 horas
Todo o dia, algo novo
Toda noite, uma amnésia
A criança trancada
Só quer sair para brincar.
Eliana Leite
(22/05/2020)